O realizador Ruben Östlund é um dos realizadores contemporâneos mais consagrados da sétima arte. Os seus dois últimos filmes venceram a cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes, sendo eles “Triângulo da Tristeza” (2022) e “O Quadrado” (2017). Antes destas duas excelentes obras, Östlund realizou e escreveu este “Força Maior” (2014), que conta a história de uma família sueca que viaja para os Alpes Franceses para desfrutar de uns dias de esqui, e durante o almoço num restaurante na montanha, uma avalanche provoca o caos e vai mudar todas as sinergias daquela família.
Aquilo que mais demonstra o talento deste realizador é a sua capacidade de criar momentos de tensão únicos, sejam somente com algumas palavras ou acções, deixando quem está a ver sempre num limbo de emoções e quase que sente uma espécie de vergonha aleia por aquelas personagens e por aquilo que estão a passar. E isto num conjunto narrativo que consegue criar irritação e raiva no público, em certos momentos, e noutros consegue criar momentos cómicos extremamente bem conseguidos. E esta é a centralidade das obras deste realizador, e aquilo que as torna únicas e especiais.
“Força Maior” não foge a essa regra e abordagem temática a que nos habituou, mas senti que podia ter ido mais longe no seu risco e na sua inquietação. Östlund conseguiu fazer isso, ir mais longe, nos seus filmes seguintes que já aqui mencionei, mas em “Força Maior” a ‘avalanche’ de emoções poderia ter sido ainda mais arrebatadora e impactante, não o sendo, mas claro que estamos perante um filme imensamente interessante e perspicaz, com diversas camadas narrativas a explorar. Somente julgo que não me marcou ao nível de ser inesquecível ou intemporal, mas pode ser daqueles títulos que depois de ser revisitado daqui a uns anos a percepção seja outra.
Um filme que recomendo vivamente, sem dúvida, e que está disponível em Portugal na plataforma de streaming Filmin.
Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.