Herd: um documentário simples e cru

3 estrelas Críticas Olhares do Mediterrâneo

Herd” relata uma história muito simples e local, que à partida não tem nada de especial, mas o que tem de único é o dia-a-dia e a vida de uma criança que está marcada pelo ambiente e pelo estilo de vida que aqui é capturado. O filme vai ser exibido na edição deste ano do Festival Olhares do Mediterrâneo.

O documentário conta a história de Na’ama, de 10 anos, que ao crescer num rancho onde se cria gado para abate, vai ter de lidar com questões que se apresentam como a vida e a morte, enquanto trabalha com o seu pai. Na’ama sente apego pelo gado, mas o seu pai vê a morte como uma parte inevitável da vida.

A crueza com que a câmara capta os momentos do dia-a-dia neste rancho, e segue as pessoas em que se foca, é o ponto mais forte desta curta-metragem documental, onde a realização de Omer Daida consegue exibir em pouco tempo todo aquele ambiente e um dia-a-dia que está visivelmente a marcar e a deselvolver traços de personalidade e ideias numa criança, onde sentimos que isso está, de facto, a marcar-lhe a vida e a forma como aborda certos temas que a rodeiam. E isso é um aspecto interessante, e pouco comum, de ver-se em cinema, mesmo neste género de filmes.

Aqui o que falha é o facto de esta crueza nas imagens não ser acompanhada por uma edição ou um objectivo maior que se vá desenvolvendo ao longo do filme, ou mesmo somente no final/conclusão, e nunca somos confrontados com isso. Ou seja, nunca é estimulado o pensamento do espectador ou a sua envolvência com a história e a temática, ficando assim um vazio na ligação entre o filme/tema e o espectador, sendo que o filme se foca somente naquela linha narrativa e não se abre a uma percepção maior. Ficamos a perguntar-nos o que torna aquela história especial, se é que será especial ou única.

Contudo, na sua generalidade, é um filme bem conseguido, com um tema interessante e um ambiente que fica connosco e nos acompanha após o filme, o que por si só vale a pena ver o filme, mas não estamos perante nenhuma obra transcendente ou especialmente interessante.

Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.

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