“La Tana” conta a história de dois jovens. Giulio, um rapaz de 18 anos que mora no campo com os pais. Ele trabalha no campo, e é um rapaz solitário e tímido. Na casa ao lado, desabitada durante anos, chega Lia, uma rapariga de 20 anos, ousada, zangada e introvertida. Lia inicia Giulio em jogos estranhos cada vez mais perigosos. Giulio apercebe-se que Lia tem algo a esconder, e que provavelmente o mistério reside naquela velha casa.
Esta longa-metragem de Beatrice Baldacci, apesar de ser a sua primeira longa, é também uma obra “low budget” (150.000 euros financiados através do “Biennale College”, um programa da Biennale de Veneza para promover novos cineastas), que foi filmada em 2021, em plena pandemia, e em 18 dias de rodagem. Apesar destas restrições, é um filme interessante que tem alguns defeitos, em parte devidos ao “budget” limitado.
O filme aborda dois temas principais. O romance entre os dois protagonistas com a descoberta do sexo, para o Giulio, inexperiente, que se apaixona por Lia. O outro tema é a doença (física e psicológica) de Lia, que tem de lidar com uma situação familiar complicada.
Há uma mistura de desejo sexual (com algumas cenas no limite do erotismo) com a incumbência da morte, que acompanha o espectador numa viagem perturbadora. Os corpos dos actores são os verdadeiros protagonistas do filme, sendo ainda mais importantes que os seus próprios diálogos.
Os dois actores protagonistas (Irene Vetere e Lorenzo Aloi) funcionam muito bem para representar os corpos das personagens. Funcionam menos nos diálogos, e neste sentido são bastante fracos. O filme tem algumas cenas bem sucedidas, como o primeiro encontro entre os dois protagonistas, que é surpreendente e cria logo a dinâmica que os dois personagens vão manter durante toda a obra. Há outras cenas interessantes, como a sequência final (que não vou contar), sendo perturbadora e abrindo algumas reflexões éticas.
Alguns actores secundários não são muito eficazes, também alguns diálogos são fracos, e algumas cenas são um pouco forçadas. Mas o defeito principal é que o filme no final deixa de desenvolver a relação entre os dois protagonistas para dar mais espaço à personagem “surpresa” que descobrimos na segunda metade do filme. Neste sentido, o contraste entre a energia da vida (representado no romance entre os dois protagonistas) e a irreversibilidade da morte, não se liga muito bem no desenvolvimento do filme.
Apesar dos seus defeitos é um filme interessante, com algumas cenas poderosas que revelam o talento desta realizadora italiana. O filme foi apresentado no Festival de Veneza em 2021 e foi convidado para muitos festivais internacionais, obtendo críticas positivas e alguns prémios. Estará agora presente no Festival Olhares do Mediterrâneo, no dia 18 de Novembro pelas 21h30 no Cinema São Jorge, onde a realizadora estará também presente. Sabe mais aqui: https://www.olharesdomediterraneo.org/the-den-la-tana_om2022/.
Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por Gianmaria Secci.