O Que Fazemos nas Sombras: Vampiros com problemas bem reais. Uma comédia deliciosa.

4 estrelas Críticas

 

Jemaine Clement e Taika Waititi escreveram, realizaram e protagonizaram esta comédia hilariante em 2014, que por sua vez é um filme baseado numa curta-metragem de 2005 dos mesmos, e que deu também posteriormente origem a uma série estreada em 2019, e que já tem uma quarta temporada planeada. O filme encontra-se disponível actualmente na Filmin.
Não tinha tido ainda contacto com este filme ou este ‘franchise’ digamos, mas ainda bem que tive, mesmo que tardiamente, porque este filme é sem dúvida único e parte de uma premissa muito bem esgalhada onde seres místicos tão reconhecidos como os vampiros vivem entre nós, alguns há milhares ou centenas de anos e outros muito recentemente, e que por viverem numa sociedade moderna deparam-se com os problemas intrínsecos da mesma, sejam contas para pagar, casa para limpar, compras, comida, etc. E é aqui que o filme ganha o seu brilho, quando coloca as personagens apresentadas como criaturas conscientes de si e com personalidades diferentes, formas diferentes de lidar com certas situações, mas nunca esquecendo o seu lado místico, dando oportunidade ao público de se conseguir relacionar com os momentos do dia-a-dia que são apresentados, e criando espaço para que as diversas situações cómicas, e algumas muito absurdas, possam realmente fazer rir e criar aqui uma das melhores comédias da última década.
O aspecto caseiro e documental que o filme cria, com a narrativa a colocar o foco do filme numa equipa de reportagem que vai filmar e documentar a vida de quatro vampiros que vivem juntos, adiciona uma atmosfera de medo e suspense que realça os momentos mais caricatos desta comédia. Desengane-se quem poderá pensar que “ah mas eu não gosto de filmes de vampiros, por isso este não deve ser bom”, porque tenho quase a certeza que vai ter aqui uma boa surpresa.
A premissa e a dinâmica deste filme são tão caricatas que constantemente somos confrontados com um jogo entre o absurdo e o inusitado, criando situações que nos fazem rir até chorar. Fica aqui uma dica até mesmo na esperança de que hajam mais filmes assim, que consigam desconstruir narrativas tão comuns como a que se baseia este filme, dando-lhe uma perspectiva diferente, mais ou menos vulgar, mas pelo menos é uma lufada de ar fresco no género fantástico e cómico. Aqui o que poderá ser o seu ponto mais forte é também o ponto mais fraco do filme, pois ao criar um filme diferente dentro de uma temática ou género específico também fica refém dessa mesma temática ou género, não conseguindo ter talvez um apelo mais universal, mas é certamente um filme a não perder, e espero que mais pessoas possam ter a oportunidade de conhecer este título.
Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *