Em “Guardiões da Galáxia: Volume 3“, o realizador James Gunn e a sua equipa têm a difícil missão de encerrar uma das trilogias de maior sucesso do Universo Cinematográfico da Marvel, uma tarefa ingrata devido a todo o hype e pressão de entregar um filme que não seja apenas bom, mas que consiga se equiparar aos outros dois e ainda concluir a jornada, de forma minimamente satisfatória.
Quebrando o loop de mesmice e falta de personalidade em que o género tem mergulhado nos últimos tempos, Gunn revela uma faceta mais madura enquanto artista, operando num nível de altíssimo arrojo e controle.
Não quer dizer que o tipo de humor jocoso que tornou a saga famosa não esteja presente, a questão é que o tom do filme é pautado por uma escuridão inesperada, abraçando um dos aspetos que mais admiro nestes filmes: a família.
Um dos grandes responsáveis pelo sucesso desta saga é a escolha acertada de elenco e personagens, todos eles são muito bem escritos e foram-se desenvolvendo e crescendo ao longo dos filmes e as suas dinâmicas são não só interessantes, mas replicam relações familiares da vida real.
O grande destaque deste capítulo final é Rocket, alívio cómico que ganha aqui um novo contorno, sendo que as cenas mais emocionalmente bem conseguidas envolvem o seu passado.
Havia alguma expetativa à volta do personagem Adam Warlock, que acabou por ser usado de forma mais cómica e menos como vilão, como se esperava. Will Poulter acerta muito na fisicalidade e na comédia do personagem, tendo ótima química com a atriz que interpreta a sua mãe, Elizabeth Debicki, que surge desaproveitada.
O vilão do filme, The High Evolutionary, vivido por Chukwudi Iwuji é usado para explorar ideias de supremacia, fascismo, eugenia e crueldade animal, mas nunca ganha reais contornos para deixar de ser uma caricatura e passar a ser um personagem. O ator também surge demasiado exagerado em alguns momentos, mas é uma presença intimidante o suficiente para desempenhar, com eficiência, o seu papel narrativo.
“Guardiões da Galáxia: Volume 3” é o culminar comovente e inesperado de uma jornada épica que traz de volta os personagens que amamos e dá-lhes uma conclusão mais do que satisfatória, nunca descurando do seu humor característico.
Classificação: 5 em 5 estrelas. Texto escrito por André Sousa.