“Os Olhos de Allan Poe” é um thriller gótico que, contando com um excelente elenco, prepara a atmosfera ideal para lançar um mistério macabro e interessante. No entanto, não entrega o que promete, dado que não é capaz de juntar duas linhas narrativas diferentes.
Em 1830, na academia militar de West Point, um cadete é encontrado morto e, mais tarde, na morgue, o seu coração é arrancado, revelando a natureza selvagem do crime. Para salvar a reputação da academia o ex-detetive Augusto Landor‚ cujo passado é sombrio e misterioso, é recrutado para resolver este mistério. Frustrado pelo código de silêncio dos cadetes, este pede ajuda a um cadete desdém dos rigores militares, o poeta, Edgar Allan Poe.
Como referi anteriormente, o filme prepara a audiência para uma viagem incrível: os crimes macabros, os vários suspeitos, a atmosfera de inverno sombria, o protagonista com uma back story misteriosa. Tudo isto leva a que aos 30 minutos de filme esteja montado o cenário ideal para um thriller fantástico. Acontece que o filme acaba por não saber lidar com a existência de dois crimes (o assassinato e o roubo do coração). Isto deve-se ao facto de que, enquanto no início a informação é dada de forma cuidadosa e controlada, no final esta é exposta em excesso sem qualquer preocupação através de várias conveniências, de modo a finalizar a história o mais rápido possível, o que leva a várias incoerências narrativas.
O realizador Scott Cooper, como é habitual na sua obra, mantém um foco especial no protagonista, o que primeiramente é astuto, pois envolve mais a audiência, no sentido em que somos tão surpreendidos como o próprio personagem. Todavia, à medida que a história vai progredindo, esta decisão torna-se questionável visto que retira atenção e desenvolvimento a personagens secundárias que tinham bastante potencial, sendo o principal exemplo a personagem de Edgar Allan Poe.
Finalizando, “Os Olhos de Allan Poe” é uma experiência, ainda que estimulante e interessante, que deixa muito a desejar pois tem a necessidade de apressar tudo, um padrão cada vez mais comum no cinema atual.
O filme está disponível na plataforma Netflix.
Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por Francisco Empis.
