O realizador iraniano Asghar Farhadi é dos poucos realizadores que é practicamente uma presença assídua nos maiores festivais de cinema a nível mundial, e o seu mais recente filme “Um Herói” não é excepção, assim como na categoria de Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares, tendo vencido já 2 Óscares nessa categoria.
Com um estilo narrativo semelhante aos seus filmes anteriores (“O Passado“, “O Vendedor“), Farhadi consegue construir uma história carregada de indecisões morais que obrigam o público a envolver-se na trama, não conseguindo nunca escapar a uma auto-reflexão e a uma instrospecção sobre o que faria numa situação semelhante. Como reagiríamos, e como nos comportaríamos se estivéssemos na pele daquelas personagens. E o brilhantismo de Farhadi reside nisso mesmo, na criação de uma narrativa universal e transversal, que toca no cerne da identidade humana, através de histórias simples e quotidianas, mas que se entrelaçam em si e nos agarram do início ao fim.
“Um Herói” foca-se na história de Rahim na altura em que sai da prisão, onde estava preso devido a uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias em que visita a sua família, é encontrado um saco com jóias de alto valor que o vão colocar numa posição de decisão sobre o que fazer com aquele saco, e todas as suas acções a partir desse momento vão influenciar profundamente a sua vida, mesmo quando se julga que se está somente a ser uma pessoa bondosa.
O limbo moral que paira em quase todas as sequências e momentos do filme é realizado de forma magistral, fazendo com que esta obra seja com certeza um dos melhores filmes deste realizador, e fico sempre expectante pelo que Farhadi irá trazer para o campo da ‘moralidade humana’, nas suas próximas obras.
“Um Herói” está disponível para streaming na plataforma FILMIN.
Classificação: 5 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.
