MONiMO apresenta um novo single, “open lights“, com um vídeo animado tendo uma mascote como fio condutor para diversas narrativas visuais interligadas às suas músicas e sonoridade.
O Cinema em Portugal realizou uma entrevista com MONiMO sobre este projecto:
O vídeo de ‘open lights’ representa uma continuação na vossa forma de criar videoclipes animados. De onde vem essa narrativa?
Inicialmente, MONiMO era o meu pseudónimo como animador 3D. Quando gravei o disco, achei que o projeto musical ia ser algo separado, mas à medida que fui juntando os membros para a banda, criando o espetáculo ao vivo e pensando na apresentação do projeto, percebi que fazia todo o sentido juntar os projetos. O meu plano é lançar espetáculos de música ao vivo com projeções, mais videoclipes, talvez curtas, pequenas animações musicadas, live-acts da banda gravados e até vídeos a explicar os processos para o nosso canal no YouTube.
O recurso à animação dá-vos mais liberdade criativa para as mensagens que transmitem com as vossas músicas?
A ideia de criar os vídeos surgiu depois das letras. A mascote será o fio condutor, mas cada vídeo será feito de modo a descrever e a parecer-se mais com a música. (em “open lights” mais negro e realista, e no single anterior mais colorido e gráfico). O disco tem um conceito relativamente subtil, no qual as letras das músicas são conjugadas em pronomes diferentes. São descrições e prescrições para “eu”, “tu”, “ela”… vistos de um só ponto de vista. Por isso é que em “the swing of sonder” (ela) a dançarina é o foco da cena, e em “open lights” (eu) é tudo sobre o gigante, e vemos (por vezes) da perspectiva dele.
Tenho escrito novas letras mas não o faço a pensar nas animações. Não quero que este projeto evolua para um rock-ópera muito complexo e com muita lore. Gosto de simplicidade nas histórias e narrativas. Admito no entanto, que escrevi as palavras “gigante” e “monstro” com maior frequência.
Como foi o processo de criação da animação em ‘open lights’?
A criação destes dois vídeos surge de tentar misturar desafios técnicos e os conceitos das músicas. “open lights” fala sobre o desejo e sobre como por vezes achamos que é o contexto que nos acorrenta. Naturalmente surgiu-me a ideia do MONiMO preso nas rochas. Comecei por aí e depois construí todo o cenário da gruta, a vegetação e a iluminação da mesma. Criei algumas reações entre a geometria e faixas da música (a água e a gruta tremem sempre que é tocado o bombo da bateria e os minerais nas paredes brilham sempre que o piano toca).
Depois de fechada a modelação da gruta e do gigante comecei a animar e fui fazendo o storyboard à medida que ia avançando (sei que é um processo incomum). Há toda uma série de processos pelo meio, criação das texturas, as simulações das roupas, das partículas no ar, das bolhas na água, as gotas que caem das estalactites). A meio da criação tive um grande bloqueio criativo de quase um mês, mas eventualmente voltei ao trabalho e desenhei o exterior da gruta e o cenário dentro de água.
O que se seguiu depois foi um mês muito intenso para o meu computador que passou noites a fio em renders. E finalmente a pós-produção, onde fiz o color-grading e acrescentei as runas que vão aparecendo em partes-chave.
A utilização desta vossa mascote e imagem continuará em mais lançamentos vossos?
Sim e faço planos de acrescentar mais umas quantas. Uma das próximas ideias (que está em fase de storyboard) conta com vários bonecos da mesma espécie do MONiMO e da vida deles no seu habitat.
Criar uma banda sonora para uma curta-metragem seja animada ou não, será algo que o futuro de MONiMO irá trazer?
O que gosto neste projeto, é que sinto que pode ser o que eu quiser. Não me oponho à possibilidade de criar bandas sonoras, de todo.
Vê aqui o vídeo animado de “open lights”: