Mirjana Karanović é a convidada de honra do programa especial “Dois Olhares Sobre a Guerra: Jasmila Žbanić e Mirjana Karanović”, que decorre na Cinemateca Portuguesa de 3 a 6 de novembro, com sessões diárias às 21h30. Considerada uma das maiores atrizes sérvias de sempre, Karanović atingiu a fama internacional em 1985 pelo seu papel em When Father Was Away on Business, de Emir Kusturica. Desde então ficou conhecida por escolher papéis emocionalmente exigentes e por interpretar frequentemente mulheres fortes e complexas, em situações pessoais ou sociais difíceis.
Em 2016 passou para atrás das câmaras, realizando a longa-metragem A Good Wife (co-produção sérvia-bósnia-croata), do qual é também autora e protagonista. O filme, que teve a sua estreia no Festival de Cinema de Sundance e foi exibido em mais de 40 festivais internacionais, conta a história de Milena, uma mulher da pequena burguesia que descobre por acaso os crimes de guerra do marido e vê-se obrigada a escolher entre proteger a sua vida serena ou assumir a responsabilidade imposta pelos eventos.
A Good Wife será exibido a 3 de novembro, seguido por uma conversa com a realizadora.
No dia seguinte, 4 de novembro, Karanović apresentará também Esma’s Secret, de Jasmila Žbanić, vencedor do Urso de Ouro na Berlinale de 2006, onde interpreta o papel de protagonista. O filme explora a relação entre Esma e a sua filha adolescente Luna, assombrada pelo fantasma do pai desconhecido, que Luna idealiza e de quem Esma recusa-se a falar.
A mostra inclui mais duas obras da realizadora bósnia Jasmila Žbanić: On The Path (2010), apresentado a 5 de novembro, em que um ex-combatente encontra no radicalismo religioso o único refúgio contra os seus traumas, e Quo Vadis, Aida? (2020), em programa a 6 de novembro. Este filme adentra-se no genocídio de Srebrenica, através da história ficcional de Aida, uma tradutora para as Nações Unidas que tenta desesperadamente salvar a sua família, enquanto assiste impotente e revoltada ao genocídio. Trata-se de uma obra percorrida por uma veia de sarcasmo amargo contra a “comunidade internacional”, que ecoa dramaticamente com o tempo presente.
Ao apresentar o trabalho destas duas cineastas que viveram por perto a Guerra Civil Jugoslava (1991-2001) e que, sendo uma sérvia e a outra bósnia, tem trabalhado muitas vezes juntas, este programa quer testemunhar como o cinema pode ser um gesto político. Uma forma de resistência contra a violência e o sectarismo, um instrumento de catarse emocional e um veículo de reparação histórica.
