A curta-metragem “2020: Odisseia no 3º Esquerdo“, realizada por Ricardo Leite (realizador da série da RTP “Capitães do Açúcar” e da curta-metragem “Instalação do Medo”), tem sido destaque em vários festivais de cinema infantojuvenil internacionais.
O filme conta a história de uma criança (Meias), que durante uma manobra arriscada, vê a sua nave-espacial danificada, e para repará-la, embarca numa jornada sem precedentes pela vastidão do espaço sideral, onde reside a maior ameaça que alguma vez terá de enfrentar: os Astro-Zombies. O filme retrata a visão inocente de uma criança na pandemia que nos assolou a todos, mostrando a uma odisseia do tamanho da imensidão do seu apartamento.
O Cinema em Portugal foi entrevistar o realizador. A entrevista foi conduzida por André Marques.
Como surgiu a ideia para a criação desta história e consequente filme/curta?
A história tem como base um conto do André Barbosa, “o Último guardanapo nunca é usado”, um conto muito divertido sobre o “Meias” que parte na aventura pelo seu bairro, contra os terríveis astro-zombies, confesso que inicialmente apesar de ter adorado o conto, achei muito difícil adaptar a curta-metragem, mas depois a Andreia Ribeiro conseguiu mostrar-nos que seria possível, bastava confinarmos a narrativa ao apartamento daí a brincadeira com o título da curta ser 2020: odisseia no 3º Esquerdo.

A pandemia toldou a narrativa e as filmagens em si, correcto? Como foi esse processo?
A narrativa não foi propriamente toldada pela pandemia, aliás é um elemento que decidimos explorar, mas através da perspectiva de uma criança, que apesar de saber e perceber que está a decorrer uma pandemia, decide incluir isso na narrativa da própria brincadeira com o melhor amigo e vizinho Natas. No que toca à parte mais técnica, de termos rodado em pandemia, logicamente que foi tudo muito mais complexo, porque tínhamos de ter todos os cuidados necessários, para estarmos todos em segurança, mas foi só mais um desafio.
A curta está a colher bastantes nomeações, menções e prémios em diferentes festivais. Como tem sido esta experiência?
É sempre bom termos uma boa circulação em festivais, primeiro porque o nosso grande objectivo é chegar ao público, gostamos todos de desenvolver histórias que o público se consiga relacionar, com as personagens, com os ambientes e neste caso quisemos que o filme tivesse uma camada para as crianças, mas que funcionasse também, e de uma forma um pouco diferente, para adultos. O que tem sido curioso é que o filme tem conseguido arrecadar prémios tanto nas categorias infantis dos festivais como em categorias oficiais, e para nós equipa é sempre bom termos essa validação destes painéis de júris de todas as idades, tem sido um percurso muito engraçado nesse sentido.

Com 6 nomeações aos Prémios Curtas e 2 prémios, como foi a vossa reacção a esta distinção?
Ficamos muito felizes, principalmente por serem duas categorias muito importantes no todo do filme. A direcção de arte tinha um desafio muito grande em construir todo este universo sci-fi com papel crepe e cartão, e os efeitos visuais tinham um trabalho quase “invisível”, acho que há momentos em que poucas pessoas se apercebem de todo o trabalho que foi feito.
Quais os objectivos para o futuro e o que pretendem conquistar com as novas histórias que irão contar?
O objectivo é sempre continuar a fazer projectos, quero continuar a explorar narrativas diferentes, desafiar-me a explorar novos géneros e chegar cada vez a mais pessoas.
Vê aqui o teaser de “2020: Odisseia no 3º Esquerdo“:
‘2020: Odisseia no 3º Esquerdo’ de Ricardo Leite (Teaser) from Epicentro Filmes on Vimeo.
Podem também ouvir aqui a banda-sonora do filme: