“Birds of Prey (e a Fantabulástica Emancipação de Uma Harley Quinn)” foi um filme que chegou aos cinemas em fevereiro de 2020, altura que acabou por se revelar ingrata por tudo o que acabaria por se desenrolar. Quando vi o filme pela primeira vez, não me senti muito impressionado e sempre guardei uma imagem de mediocridade associada a este filme. Mas há algo que sempre me fascinou no cinema, essa subjetividade, essa pluralidade de respostas, não há certos nem errados e o que um filme nos transmite, estará sempre dependente de várias condicionantes e será sempre, por isso, uma experiência parcial.
Na época, o filme recebeu uma posição relativamente positiva junto da crítica, mas acabou por não cumprir as expetativas monetárias, mas nos últimos tempos, tenho assistido a um movimento de pessoas que consideram este um filme incompreendido e que merece ser discutido como um dos melhores, não só do género de super-heróis, como do género de ação. Parti para esta revisão, cético, mas expetante e rapidamente, me rendi à proposta colorida e extravagante do filme, que desde o primeiro momento estabelece o tom de farsa exagerada que se mantém do início ao fim. A realizadora Cathy Yan abraça a proposta do filme, com bastante coragem e compromisso, injetando uma energia peculiar e que faz deste um filme muito divertido e facilmente cativante.
Vale também destacar o ótimo controlo nas sequências de ação que encontram um balanço surpreendente entre coreografias complexas e imaginativas, assim como elementos de humor visual, que contribuem para engrandecer a experiência de ver este filme. No papel título, Margot Robbie brilha como nunca, apresentando-se segura, carismática e altamente confiante no protagonismo da história, o que acaba por roubar algum espaço aos outros membros do elenco.
É mesmo na questão de ser um filme de equipa que sinto que é onde se encontra a maior fragilidade do filme, porque as outras personagens não conseguem ter espaço para se desenvolver porque o foco está em Harley Quinn. Há alguma sensação de potencial desperdiçado, até porque nada indica que iremos voltar a ter uma oportunidade para passar tempo com estas personagens e com estas atrizes, que entregam trabalhos dignos, principalmente Mary Elizabeth Winstead, o grande destaque do filme, que com pouco tempo em cena, conseguiu-me impressionar com o seu equilíbrio perfeito entre drama e comédia.
“Birds of Prey” é um filme que abraça a sua proposta até ao fim, presenteando o espetador com personagens interessantes, embora nem sempre devidamente exploradas, que enfrentam situações tresloucadas, envolvendo coreografias de luta criativas e visualmente estimulantes.
Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por André Sousa.