Da culinária ao método está tudo certo, há que ser-se disciplinado, há porções e técnicas ao barulho. Do método ao delírio… um saltinho modesto que só apanha desprevenido quem nunca se embrenhou em demasia numa tarefa.
Um professor-chef herda as alucinações de um aluno e embarca num ai dos aflitos que joga com sons potentes e ações cruzadas na sombra de um detetive que aparenta saber mais do que teoriza.
Um dos elementos que mais aprecio no Terror é ser um género sem fronteiras lógicas – não se pede explicação para eventos místicos e o espanto é moderado se alguém voar ou implodir subitamente (exemplos meramente ilustrativos, a desviar propositadamente do filme em foco). Aqui pode-se tudo e Kiyoshi Kurosawa sabe-o de lição bem estudada; a lambuzar-se no néctar reativo do género sem dar cavaco pela escalada a pique desta média-metragem que deixa a lágrima de um bis.
Fez-me falta um melhor embrulho para tamanha prenda, mas isso só acontece porque a mestria está lá (e recomenda-se!).
Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por Manuel Seatra.
