Chegada à maioridade, a 18.ª edição da Festa do Cinema Italiano regressa a Lisboa de 9 a 17 de abril, com filmes, muita música, as já famosas AperiFestas, e continua até junho em digressão por mais de 20 cidades do país.
Lisboa volta a ser anfitriã da Festa do Cinema Italiano, de 9 a 17 de abril, nas salas do Cinema São Jorge, UCI – El Corte Inglés, Cine-Teatro Turim, Cinema Fernando Lopes e na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.
Naquele que é o acontecimento mais importante em Portugal dedicado à cultura Italiana, a programação da Festa do Cinema Italiano estende-se a mais de 20 cidades: Abrantes, Almada (6 a 10 de maio), Alverca (16 e 17 de abril), Aveiro (22 e 23 de abril), Barreiro (13 e 27 abril), Beja (15 a 17 de abril), Cascais (10 a 16 de abril), Coimbra (7 a 9 de maio), Figueira da Foz (2 a 5 de maio), Lagos (27 a 30 de maio), Leiria, Loulé (7 e 8 de junho), Moita (1, 6 e 7 de junho), Penafiel, Porto, Sardoal, Setúbal e Vila Franca de Xira (2 e 9 de maio), entre outras a anunciar brevemente.
Nascida em 2008, a Festa do Cinema Italiano cresceu e chega este ano à sua maioridade. A sua 18ª edição marca por isso uma importante etapa de crescimento do festival, através de uma programação rica, diversificada, entusiasta e destemida, evocando o sentido de liberdade e autonomia que esta idade comporta.
Com uma programação que inclui estreias nacionais, encontros com realizadores, oportunidades para descobrir novos talentos, homenagens ao rico legado do cinema clássico, e vários eventos paralelos que transcendem as salas de cinema, a Festa celebra o melhor da cinematografia italiana, promovendo o diálogo cultural e conquistando um público cada vez maior.
A 18.ª edição abre com “A Grande Ambição”, de Andrea Segre, um filme que narra a vida de Enrico Berlinguer, histórico líder do Partido Comunista Italiano (PCI) e uma das figuras mais marcantes do século XX italiano. Nos anos 70, Berlinguer transformou o PCI no maior partido comunista do Ocidente, com 1,7 milhões de membros e 12 milhões de eleitores, unidos pela visão de um socialismo democrático onde todos fossem representados e ninguém explorado. Através do diálogo e do pragmatismo, Berlinguer desafiou os dogmas da Guerra Fria e quase mudou o curso da história italiana. O seu legado de justiça social e democracia foi tão impactante que o seu funeral reuniu 1,5 milhões de pessoas, uma das maiores homenagens a um político na Itália contemporânea. Com Elio Germano no papel principal (vencedor do Prémio de Melhor Ator no Festival de Roma), o filme chega a Portugal pela Risi Film e será brevemente exibido em salas nacionais.
Em abril e em colaboração com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, apresenta-se o ciclo “Antonio Pietrangeli, esse desconhecido”, uma retrospetiva integral do cineasta. Antonio Pietrangeli (1919-1968) foi um dos nomes mais sensíveis e perspicazes do cinema italiano, cuja obra pontua a transição entre o neorrealismo e a commedia all’italiana. Como muitos, começou na crítica de cinema e na escrita de argumentos antes de passar à ação na cadeira de realizador. A sua carreira foi marcada pela empatia e pela profundidade, destacando-se pelo seu olhar único sobre a condição humana, em particular a das mulheres, retratadas com uma rara combinação de realismo e poesia. Filmes como “Adua e le sue compagne” (1960), “La visita” (1963) e “Io la conoscevo bene” (1965) revelam a sua capacidade de explorar temas como a solidão, a emancipação feminina e as contradições da sociedade moderna, sempre com um toque de humor e ironia. A sua morte prematura, em 1968, interrompeu uma carreira brilhante, mas o seu legado permanece vivo, influenciando gerações de cineastas. Esta retrospetiva celebra a obra de um realizador que permanece ainda hoje como um cineasta bastante marginal e secreto no panorama do cinema italiano. Talvez devido à sua morte precoce aos 49 anos, vítima de um acidente, que pôs fim a uma carreira que vinha em crescendo.
O aquecimento faz-se com as AperiFestas – conjunto de eventos que antecedem o festival -, que convidam a entrar no espírito da Festa por meio do cinema, claro, mas também da poesia, música e gastronomia italiana. Haverá Quizza no Māteria Pizza & Amore (noite de quiz e pizza ); a sessão do filme “Quanto Basta” no espaço Atmosfera m do Montepio e inserido num ciclo de cinema sobre gastronomia; a 3ª edição de POESIAPERTA, dedicada à obra de Mariangela Gualtieri no Liquid Love; e o divertido Lasciatemi Cantare! – Karaoke à italiana e DJ set, na Casa do Comum.
Ainda antes do arranque do festival, estreia a 13 de março nas salas de cinema do país “Confidência”, o filme de encerramento da última edição da Festa do Cinema Italiano, e com distribuição pela Risi Film. Daniele Luchetti, realizador de “Laços”, “A Nossa Vida” e “O Meu Irmão é Filho Único”, entre outros, adapta uma novela best seller de um dos mais emblemáticos escritores italianos da atualidade, Domenico Starnone, para realizar o seu filme mais complexo e maduro. Com uma atmosfera de thriller psicológico, em torno de um segredo inenarrável e com banda sonora da autoria de Thom Yorke, líder dos Radiohead, “Confidência” é um filme que nos questiona e interroga profundamente sobre a natureza humana. Na sua estreia italiana, arrecadou quase €2M em box office, com mais de 300.000 espectadores.
A 22 de março, os Jardins da Bombarda acolhem desde a tarde até à noite 9 horas de festa à italiana, com oficinas e mercado de produtos italianos, muita gastronomia italiana para explorar, bem como uma programação cultural, musical e também infantil, que incluirá um ensaio aberto do Coro Transfeminista; a apresentação do livro “Socotra. Viaggio sentimentale in un’isola impossibile” de Eleonora Sacco com a presença da autora em diálogo com Giulia Gallina; e o som de Foggy Project, do músico e produtor italiano a viver em lisboa, Francesco Pintaudi, entre outros a anunciar.
Inspirando-se na visão caleidoscópica e multifacetada da cidade contemporânea expressa no icónico cartaz da “Campari” de Bruno Munari, feito para a inauguração do metro em Milão em 1964, a imagem da Festa deste ano representa o seu desdobramento ao longos de 18 anos para várias cidades de Portugal e países de língua portuguesa, e volta a uma solução gráfica que concilia o diálogo com o passado com a importância da continuidade no futuro.
A Festa do Cinema Italiano é organizada pela Associação Il Sorpasso, em colaboração com várias instituições públicas e com o apoio de parceiros privados. Em 2025 o festival conta com o apoio institucional da Câmara Municipal de Lisboa, da Embaixada de Itália, do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, do Instituto do Cinema e do Audiovisual – ICA e da Cinecittà. O BNP Paribas é pela primeira vez patrocinador principal do evento.