Ontem, 20 de março, deu-se mais uma chegada da MONSTRA à cidade de Lisboa com uma grande abertura do festival em que se celebrou os seus 25 anos. Nos próximos dias, até dia 30, poderá ser visto do melhor que o cinema de animação tem para oferecer por todo o mundo, como já é esperado deste festival. Com animação nacional e internacional, retrospetivas do cinema de animação austríaco, retrospetiva de filmes dos estúdios Laika, entre uma grande extensão de sessões tanto para miúdos como para graúdos, há muito para explorar. Aqui seguem-se alguns destaques e recomendações do que ver neste festival.

O cinema de animação português é sempre o centro deste festival, sendo que este ano existe uma riqueza ainda maior de curtas-metragens nacionais – tanto que, este ano, a competição Vasco Granja, que reconhece o cinema português, está dividida em duas sessões. Deste leque riquíssimo, destaca-se Percebes, de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires, filme que esteve presente na shortlist de Melhor Curta de Animação nos Óscares este ano e que, utilizando um estilo de animação belíssimo, dá voz ao espírito algarvio, as suas peculiaridades e as suas ansiedades. Também se destacam: Pietra, de Cynthia Levitan, que conta uma história tocante de auto-descoberta sobre a amizade entre uma jovem trans e a sua vizinha idosa; The Hunt, de Diogo Costa, que plasma o terror da guerra num estilo de animação perturbador, utilizando o género do filme de zombies de forma inteligente; e Daninha, de Carina Pierro Corso, um ensaio visual em que percorremos o íntimo de um questionamento existencial interno. Também quero destacar Reason and Impulse – Disappear, de Ala Nunu, e Sequencial, de Bruno Caetano, que, apesar de ainda não ter visto, despertaram a minha curiosidade.

No contexto internacional, destaca-se Homens Bonitos, de Nicolas Keppens, nomeado ao Óscar, que conta a história de um grupo de três amigos que fazem uma viagem a uma clínica turca de transplantes capilares, explorando a masculinidade e as suas inseguranças. Para além deste filme, também despertam a curiosidade O corpo de uma sombra, de Andrea Muñoz, O Longo Regresso do Fogo, de Zharko Ivanov, A Filha de Butades, de Hirotoshi Iwasaki, Aquático, de Shiva Sadegh Asadi, e Extremamente Curto, de Koji Yamamura. No campo das longas-metragens, destacam-se As Cores Interiores, de Naoko Yamada, aclamada realizadora de Uma Voz Silenciosa, que segue a história de uma rapariga que consegue ver as cores que habitam o coração das pessoas, Sanatório sob o Signo de Clepsidra, de Stephen e Timothy Quay, uma viagem sinistra em stop-motion em que um homem visita o seu pai moribundo num hospício degradado e esquecido pelo tempo, e O Caminho das Sombras, de Yves Netzhammer, uma odisseia surreal e alucinante por um universo distópico em que a natureza da humanidade na época digital é questionada através do uso de um animação 3D única e perturbadora.
A vigésima-quinta edição da MONSTRA promete trazer imensa inovação e reflexão sobre o mundo à nossa volta, com uma panóplia de curtas e longas-metragens para descobrir e explorar e que, certamente, iremos guardar para o futuro como referências do melhor e mais belo que o cinema de animação nos pode oferecer.