Bruno Simões - Júri da Competição Internacional de Curtas-metragens do CINANIMA'24

Bruno Simões: “Os festivais de cinema de animação são cruciais para o cinema de animação de autor.”

CINANIMA Entrevistas

O Cinema em Portugal foi falar com o realizador português Bruno Simões que faz parte do Júri da Competição Internacional de Curtas-metragens do CINANIMA’24, que por sua vez decorre entre 8 e 17 de novembro em Espinho. Bruno Simões especializou-se em animação e em 2016 fundou o estúdio de animação Studio Kimchi:

Qual a importância de festivais como o CINANIMA para o cinema de animação e o cinema de animação português em particular?

Bruno Simões: Os festivais de cinema de animação, tanto em Portugal como no resto do mundo, são cruciais para o cinema de animação de autor. Foi a presença constante ao largo dos anos de filmes de animação de autor portugueses nos melhores festivais internacionais aquilo que nos trouxe o reconhecimento do qual actualmente disfrutamos. Sem estes festivais perderíamos a principal plataforma onde mostrar os filmes e poder levá-los mais longe. É nestes festivais também onde podemos conhecer e encontrar outros autores, novos ou estabelecidos, aos quais não teríamos acesso de outra forma.

Quais são as principais características que procuram nos filmes em competição nesta edição do CINANIMA?

Bruno Simões: Acho muito importante o modo como se constrói uma narrativa e se conta uma história, ou como o estilo visual e a técnica encaixam nessa mesma história ou na sua temática, mas penso que o mais importante para mim no final é aquilo que cada um dos filmes me faz sentir ou pensar.

Qual é o impacto e importância do formato de curta-metragem para o cinema de animação?

Bruno Simões: O formato de curta-metragem parece-me essencial para qualquer tipo de cinema. É normalmente um formato em que os autores podem começar a fazer coisas, contar as suas histórias e encontrar a sua voz. É um formato que não tem obrigatoriamente as exigências e pressões orçamentais de formatos mais longos, o que lhe permite uma maior liberdade de criação, seja nos tipos de estrutura e narrativa, nos estilos visuais ou nas técnicas utilizadas.

Quais são os principais objectivos e metas do estúdio de animação Studio Kimchi?

Bruno Simões: O Studio Kimchi trabalha em duas vertentes: os trabalhos de encomenda para clientes, e os trabalhos próprios de autor. No que diz respeito ao trabalho de encomenda, trabalhamos principalmente com ONGs de forma a levar a sua mensagem mais longe e alcançar mais gente através de histórias animadas, e no que diz respeito aos projetos próprios, a nossa prioridade é colaborar com autores e produtoras que admiramos de forma a poder contribuir para projetos em que acreditamos, estando de momento a co-produzir vários projetos com Portugal. Em qualquer das vertentes, a nossa missão é a de contar histórias animadas que sejam relevantes e contribuam para um mundo melhor.

A interligação entre o CINANIMA e outros festivais, assim como universidades e escolas, é uma parte integral deste festival. Qual é a sua importância?

Bruno Simões: Acho que festivais como o CINANIMA são dos eventos que mais contribuem para a formação de novos talentos. Não é na televisão nem nos cinemas que podemos acompanhar o que se faz no cinema de animação de autor, mas sim nestes festivais, que acabam por se tornar também num objetivo para os novos talentos, motivando-os a trabalhar para um dia poder ter lá um filme também, e alimentando assim um ciclo essencial com grande relevância na formação, exibição e criação de um movimento.

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