Uma família num bunker recebe, reticente, uma “invasora”. O cenário lá fora é crítico, parece até ser inabitável à conta do arrasto do aquecimento global e de um sobre uso energético do planeta… Canta-se, pratica-se um colecionismo obsoleto, canta-se, praticam-se medidas de emergência, canta-se, cozinha-se…
O elenco cumpre uma elasticidade necessária entre o avançar da trama e os momentos sofridos do musical (que acabam por distrair e deixar um vazio no enredo ou uma suspensão demasiado incerta). É de enaltecer a mestria de Tilda Swinton e Michael Shannon que figuram uma dupla sinistra e magnética numa narrativa sem nomes.
Sabemos que há “o pai”, “a mãe”, “o filho”, “a rapariga” e por aí adiante, anónimos à laia de um bunker frio que não une nem isola. O filme envolve, desde logo, a partir de uma estética forte em carga imagética de contrastes entre as cinzas da pedra e a vida nos óleos de uma sala-de-estar burguesa com a luz quente dos candelabros. Passa-se um bom bocado de manta nos joelhos e chá a acompanhar um outono que demora a ser agreste (ou até outono).
Filme disponível em exclusivo na Filmin.
Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto de Manuel Seatra.
