Crítica - Chuva de Verão - 4 estrelas. Texto de André Marques.

Chuva de Verão: fissuras quase irreparáveis

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A primeira longa-metragem do realizador e argumentista António Mantas Moura representa logo por si só um desafio narrativo interessante: apresenta, nada mais nada menos, do que sete personagens principais. Isto poderia transformar-se num aspecto menos positivo do filme, mas é até uma das questões que dá mais força ao filme e à sua dinâmica, sendo que passa também muito pelo excelente trabalho de montagem/edição que consegue dar espaço e tempo a cada uma das personagens, mantendo ao mesmo tempo um foco sempre presente no fio condutor do filme que interliga todas estas personagens umas às outras.

Um evento une e desune um grupo de jovens adultos, que no seu âmago encontram nesse mesmo evento um rompimento com algo que os identifica a cada um deles, como se estivéssemos perante um momento que separa um antes e um depois daqueles personagens. O desenvolvimento de cada personagem poderia ser mais aprofundado? Sim, poderia claro, mas não acho que isso pudesse trazer alguma mais valia ao filme, que também já peca um pouco em duração, podendo o final ter sido mais reduzido e não perdendo nada com isso, pelo contrário. Volto assim ao que estava a mencionar no início, onde este desafio narrativo julgo ter sido superado. Ainda mais quando o seu suporte passa muito por cada uma das interpretações, sendo um filme muito à base dos diálogos e das interacções entre as personagens.

O elenco jovem aceita e leva este desafio a bom porto, havendo uma boa química e sinergia entre as cenas e o que cada personagem traz para a narrativa. Não consigo destacar uma ou outra interpretação em particular, pois todas elas se enquadram bem na trama e têm os seus momentos onde podem brilhar, e os actores e actrizes assim o fazem muito competentemente.

É bom notar que existe uma nova geração de actores e cineastas portugueses que conseguem trazer um estilo dramático intenso ao grande ecrã, não sendo no entanto um ambiente de ‘cortar à faca’ ou de ser intensamente dramático. Mas não se enganem: este filme não é, de forma alguma, um filme leviano, nem na forma nem no conteúdo.

“Chuva de Verão” estreia a 26 de Setembro nos cinemas em Portugal. Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.

1 thought on “Chuva de Verão: fissuras quase irreparáveis

  1. O filme é comprido? E podia ser mais? Fogo, já me chega as publicidades! Se for muito longo, ainda passo a cena toda a dormir. Mas olha, ao menos os atores parecem ser porreiros. Nada pior que ir ao cinema e apanhar com aquelas interpretações todas foleiras, né?

    Se calhar até vou ver esta “Chuva de Verão”. Mas ya, numa sessão da tarde, que à noite já sei que não aguento. Só espero é que não chova mesmo na sala!

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