Sendo Alien de Ridley Scott e Aliens de James Cameron considerados 2 dos melhores filmes de ficção científica de todos os tempos, qualquer novo filme dentro deste franchise terá uma posição ingrata, pois será sempre comparado a estas duas obras-primas. Enquanto os filmes mais recentes pareceram tentar destacar-se, muitas vezes através de adições copiosas e algo confusas de filosofia e expansão do universo, Alien: Romulus evita esta luta ao voltar a um certo básico do franchise. Seguindo um grupo de jovens que vivem num planeta-colónia mineira distante, observamo-los enquanto entram numa estação abandonada na órbita deste planeta na esperança de encontrar equipamento para poderem escapar a sua condição quase escravizada. Como já é costume dos filmes do Alien, encontram algo mais que não esperavam dentro desta estação espacial.
Usando espaços claustrofóbicos, Fede Álvarez consegue resgatar o terror inquietante que nos puxou ao primeiro filme e verdadeiramente faz jus à tag line deste – “in space no one can hear you scream”. A construção atmosférica é verdadeiramente o ponto alto deste filme, tanto através do som que se entranha, da banda sonora, e da conjugação da cinematografia com o design de produção. Diversas cenas são construídas de uma forma verdadeiramente imersiva, fazendo-nos ignorar certas falhas lógicas dentro do próprio filme, e fazendo-nos temer a figura do xenomorfo mesmo já o conhecendo tão bem.
No entanto, apesar deste resgate e construção atmosférica bastante bem conseguida, Alien: Romulus deixa algo a desejar. Ao ser um filme que não tenta ser algo mais do que um filme de Alien, torna-se de uma certa forma numa amalgama de referências a filmes anteriores (uns muito melhores, outros muito piores), caindo na tendência recente de novos filmes de franchises com origem nos anos 70 e 80 de serem apenas veículos de nostalgia e “fan service”. Desta forma, Alien: Romulus é um filme competente e até entusiasmante, mas deixando alguma falta de sabor após a sua visualização, mesmo com alguma adição de lore mais interessante e menos confusa do que nos últimos 2 filmes realizados por Ridley Scott.
Ao fim do dia, Alien: Romulus é um filme que não tenta ser mais do que é, sendo eficaz nisto. Com uma realização competente e duas personagens principais interessantes (o mesmo não pode ser dito do resto das personagens, mas isso já é algo comum em qualquer dos filmes depois de Aliens), é um filme que consegue ter algo tanto para os fãs como para os outros, mesmo faltando em relação à originalidade e argumento.
Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por Jasmim Bettencourt.