Confesso que sou um fã de grandes interpretações no grande ecrã, principalmente quando levamos essas interpretações e personagens connosco, ou que as mesmas nos marcam pelas mais diversas razões. E, pessoalmente, foi através de várias interpretações de excelência que eu fiquei um acérrimo seguidor do trabalho da actriz Nicole Kidman, que com as suas prestações em filmes como De Olhos Bem Fechados, Moulin Rouge, As Horas, Os Outros, Dogville, Birth, Rabbit Hole, entre muitos outros, conseguiu criar um portefólio invejável, tornando-se numa das melhores actrizes da sua geração.
Dito isto, estava expectante para ver o seu último trabalho (que lhe valeu o Prémio de Interpretação no Festival de Veneza) e as minhas expectativas ficaram um pouco aquém, não pela interpretação da actriz em si, que é o melhor que o filme tem para oferecer, mas pelo conjunto que vemos neste Babygirl. Com uma premissa interessante e que poderia ter sido explorada de forma muito mais criativa e menos banal, este Babygirl realizado por Halina Reijn começa com uma dinâmica envolvente e um tom que agarra o espectador, mas rapidamente se perde entre cenas cuja acção é demasiado curta e previsível, criando uma teia de cenas e situações que se interligam, mas cuja profundidade é inexistente, o que é uma pena. Todas as cenas parecem sempre ser bastante apressadas, quando não havia qualquer necessidade disso, muito pelo contrário.
Existe neste filme um contraste interno em diversas áreas, que rumam por caminhos diferentes, onde por um lado temos uma premissa interessante, uma Nicole Kidman em forma e uma banda sonora muito criativa, mas por outro lado temos um argumento e uma realização banais que não conseguem elevar este filme para um outro tipo de obra cinematográfica mais apelativa e que ficasse connosco muito após o filme ter acabado.
Afinal este Natal não vou ter aquilo que desejava. Babygirl estreia dia 26 de dezembro nos cinemas em Portugal.
Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.