Crítica: Sorri 2 - Texto escrito por Manuel Seatra - 4 estrelas

Sorri 2: Dores de Costas e Sorrisos de Diazepam

4 estrelas Críticas

É difícil fazer-se rotina com dores de costas e logo hoje que é dia de filme de terror, o segundo da agora saga “Smile“. Enfim, com maior antecedência tudo se faz e nasce o fator identificativo com uma protagonista que também sofre com dores de costas, enredada numa trama que confere jumpscares quase-constantes.

O primeiro filme da série já tinha levantado pontas a este véu de contágios via sorriso com mortes absurdas e visões alegóricas – apesar de este filme navegar essas águas com um à vontade que roça o humorístico, não me parece que a novidade esteja aí…

O recorte de Nova Iorque rodopia num sabor paisagístico que acompanha a paranóia. Há momentos em que a câmara vinca a ousadia de virar a cidade de pernas para o ar e faz duvidar dos pontos de vista que se acompanham; no caso, os da protagonista Skye Riley (interpretada por Naomi Scott). A atriz Naomi Scott brinda-nos com uma performance brilhante que arrepia e faz torcer por um sossego que parece sempre a uma unha de alcançar mas tão-pouco atingível (como num bom filme de terror). A progressão do filme é delirante e emocional, sorridente mas devastadora ao cabo de nunca se confiar ao certo no que se vê.

O cinema é, por excelência e conceito, um jogo de ilusões, vêem-se representados símbolos, operam-se caminhos projetados… No fundo, uma arte de enganos. Adicione-se a esta já vertiginosa escadaria, em curvas e contracurvas, o degrau extra do medo, os golpes de não se saber distinguir o real do imaginado em perspetiva única – a receita ideal para uma saga de terror e o mote para se rever o filme. Há também lacunas evidentes num enredo que não pretende ser perfeito.

[SPOILER GRAVE DENTRO DESTES PARÊNTESES RETOS: A lacuna mais grave parece-me ser a do plano do enfermeiro que quer ajudar Skye mas, deixa muitos elementos em aberto e faz questionar a verdade do que se viu até então…]

Imagino que a maior das pretensões seja deixar dúvidas no ar e arrepiar quem se atreveu a julgar que o primeiro filme era uma encomenda selada.

Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por Manuel Seatra.

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