Uma mais valia de qualquer realizador ou realizadora é, sem dúvida, a sua capacidade de conseguir separar-se do grande número de realizadores que são mais ‘tarefeiros’ e que não conseguem ter uma visão única e diferente (seja para pior ou melhor, que é em si muito subjectivo). Alguns realizadores conseguem ter esse factor que os separa de muitos outros colegas seus, goste-se ou não do seu estilo, e Robert Eggers tem inequivocamente uma marca e um cunho próprio nas suas obras cinematográficas, e prova disso está no facto de ao vermos a sua recente filmografia, deparamo-nos com uma ligação visual única entre os seus filmes, desde The Witch, The Lighthouse, The Northman até ao seu mais recente Nosferatu.
Eggers consegue criar um estilo muito próprio que é ao mesmo tempo refrescante como também presta homenagem a muitos outros cineastas que influenciam bastante as suas obras, e a meu ver é um estilo que tecnicamente é soberbo, conseguindo criar ambientes e sequências que deslumbram o grande ecrã, que são grandiosas e belas. Narrativamente pode ter algumas falhas ou cair em alguns clichés conhecidos por todos nós, contudo na maioria dos seus filmes esse factor não é algo que manche a obra como um todo, e é por isso que, como disse inicialmente, Eggers consegue separar-se de muitos outros realizadores ou estilos de realização diria.
Em Nosferatu, Robert Eggers consegue mais uma vez levar o público para um ambiente muito próprio, sendo exímio na envolvência do espectador com o tempo e a época e as suas personagens, no entanto, neste filme em específico, muito talvez por não desejar sair da rota do passado que esta história já carrega em si, não consegue trazer algo de substancialmente novo ou diferente para o grande ecrã. Esta é uma narrativa que a maioria já conhece. É algo que já foi contado e recontado inúmeras vezes, não conseguindo a esse nível ter uma abordagem diferente ou mais arriscada para com esta narrativa clássica, sendo esse para mim o ponto mais negativo nesta obra, mas que mesmo assim não desvaloriza o todo.
Para os fãs do cinema de Terror e dos contos, fábulas e histórias do Conde Drácula, este filme vai cumprir as suas expectativas sem dúvida, e para os restantes será uma boa porta de entrada para este mundo e universo.
Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.