A 19.ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Terror em Lisboa regressa ao Cinema São Jorge de 9 a 15 de setembro, com mais de 130 filmes e 80 sessões, além de workshops, eventos e até um sunset.
Entre filmes nacionais e internacionais, distribuídos por diversos ciclos, segue uma seleção de cinco filmes para marcar na agenda:
1. Opus, de Mark Anthony Green EUA, 2025, 104′
Ariel (Ayo Edebiri), uma ávida jornalista novata, viaja até ao retiro de Alfred Moretti (John Malkovich), superestrela pop dos anos 90 cujo paradeiro é desconhecido há cerca de três décadas. Com a intenção de ouvir o seu novo disco, e na companhia de outros convidados selecionados a dedo, Ariel vê-se encurralada no seio de um culto que sente a obrigação de investigar. À estreia do realizador Mark Anthony Green, ele prórpio jornalista e editor na revista americana GQ, e sob a chancela da A24, juntam-se ainda nomes como a carismática Juliette Lewis e o veterano Tony Hale. Numa longa-metragem que denuncia a insólita obsessão pela fama — “There’s no cult like celebrity”, avisa-nos a auspiciosa logline — esconde-se uma proposta de desígnio sangrento que promete fazer as delícias dos adeptos mais ferrenhos de murder mysteries e whodunits. O filme teve a sua estreia no Festival de Sundance este ano.
Sessão: sábado, 13 setembro 2025 (15h20) – Sala Manoel de Oliveira
2. The Ice Tower, de Lucille Hadzihallovic França, Alemanha, Itália, 2025, 118′
Ao assistir às gravações da adaptação cinematográfica do clássico conto de fadas “A Branca de Neve”, Jeanne, órfã de 15 anos, sucumbe de imediato ao feitiço da protagonista, a cativante Cristina, de quem rapidamente se torna protegida. Pouco a pouco, o vínculo entre ambas mergulha a jovem rapariga numa armadilha da qual talvez não consiga escapar. Marion Cotillard revela-se exímia ao lado da estreante — e toda ela promessa — Clara Pacini, numa obra de beleza glacial e etérea que esteve em competição pelo Urso de Ouro no mais recente Festival de Berlim. O filme da francesa Lucile Hadžihalilović, que conta ainda com a participação de Gaspar Noé, seu marido e colaborador assíduo, debruça-se sobre o abismo da perda e a natureza volátil da mais bela das ilusões — o próprio cinema.
Sessão: quarta-feira, 10 setembro 2025 (16h15) – Sala Manoel de Oliveira
3. A Pianista, de Nuno Bernardo Portugal, 2025, 98′
A vida de Ana é abalada pela morte súbita do marido. Sem Jorge — e apesar da companhia do filho adolescente de ambos — a ex-pianista vive dias de solidão na sua recôndita herdade alentejana. Enquanto tenta trilhar o caminho sinuoso do luto e da aceitação, é surpreendida pelo contacto de uma empresa de clonagem que a informa de que Jorge contratara os seus serviços ainda em vida. Consumida por dúvidas, Ana acaba por ceder ao desejo de voltar a reunir-se com o marido, mesmo que isso signifique trocar realidade por artifício. Para acirrar os ânimos, Ana descobre ainda que Jorge pode estar a esconder um segredo macabro. O reencontro da família devolve à superfície os demónios do passado e torna clara a impossibilidade de agarrar um futuro que a ninguém pertence. O prolífico Nuno Bernardo abraça o cinema de género num thriller que contrapõe a intemporalidade ao futurismo para explorar um dilema intensificado pela tecnologia: será vida aquela que não conhece um fim?
Sessão: quarta-feira, 10 setembro 2025 (22h30) – Sala Manoel de Oliveira
4. A Useful Ghost, de Ratchapoom Boonbunchachoke Tailândia, Singapura, Alemanha, França, 2025, 130′
March atravessa um momento de intensa dor após a perda da sua mulher, Nat, vítima de uma enfermidade respiratória desencadeada pela densa poluição por poeiras que há tanto compromete o ar da Tailândia. Quando o espírito dela regressa, fruto da possessão do próprio aspirador que costumava utilizar na fábrica onde trabalhava, o casal volta a estabelecer contacto, num afrontamento a uma sociedade incapaz de acolher ou consentir relações e comportamentos menos ortodoxos. Simultaneamente, numa batalha contra o status quo, Nat procura um lugar para si enquanto “fantasma útil”. Na sua primeira longa-metragem, Ratchapoom Boonbunchachoke presenteia-nos com uma áspera comédia, plena de simbolismo e rasgos de crítica política e ambiental. O filme, que destrinça as camadas de repressão (e pó) que envolvem a vida do povo tailandês, teve a sua estreia mundial na secção da Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes, onde conquistou o Grande Prémio.
Sessões: sexta-feira, 12 setembro 2025 (18h30) – Sala Manoel de Oliveira; segunda-feira, 15 setembro 2025 (16h00) – Sala 3
5. The Surrender, de Julia Max Canadá, EUA, 2025, 96′
Após a morte do patriarca da família, Barbara e Megan, mãe e filha, enfrentam o colapso da sua já fracturada relação. Quando Barbara decide, unilateralmente, recorrer a um perfeito desconhecido para que, através de um ritual, traga o seu marido de volta à vida, as duas terão de se unir e fazer frente a forças ocultas potencialmente letais. Os mortos nunca andam longe nesta sombria contemplação em torno da perda e do trauma geracional, já que é na dinâmica mãe-filha que a realizadora e argumentista Julia Max encontra a âncora para o seu primeiro filme. Uma sensação de desgraça iminente permeia esta obra que, nunca se afastando da casa da família, o berço de tudo o que ficou por dizer, contém em si momentos tão tenebrosos quanto mundanos, e é no alcance desse equilíbrio que aproveita para nos fazer questionar: poderá a maldição ser também a cura? Representa o luto o maior dos horrores, ou será a nossa incapacidade de lidar com ele ainda mais temível? Um filme que é pura terapia de terror.
Sessões: terça-feira, 9 setembro 2025 (23h00) – Sala 3; segunda-feira, 15 setembro 2025 (23h45) – Sala 3
Programação completa aqui.