Existem filmes que se apresentam de uma forma muito simples e directa, sem ambições complexas a nível de estrutura, propondo uma narrativa e um espaço e tempo circunscritos. E certos filmes, que são assim compostos, conseguem ter um elemento diferenciador, ou não, fazendo com que o público consiga ligar-se à sua história, ou talvez não, e esse é o maior desafio quando o foco é somente um, pois ora se consegue surpreender pela positiva ou pela negativa, não havendo muito espaço para meios termos. Felizmente, A Mesa de Café consegue estar do lado positivo desse espectro.
Stephen King resumiu a sua experiência com este filme através da seguinte frase: “Nunca viste um filme tão negro como este”. E, de facto, eu concordo em parte com esta declaração, sendo que somente não colocaria a palavra ‘nunca’, porque na minha experiência cinematográfica já me deparei com filmes mais negros do que este, sendo que este é, sem dúvida, muito impactante e fica na nossa memória.
O realizador espanhol Caye Casas consegue criar uma obra dentro do género de terror que consegue trazer algo de diferente, que também tem um profundo valor técnico e de realização, colocando-se assim num lugar de destaque dentro de uma certa ‘categoria’ de filmes que nos deixam desconfortáveis e que quase custam a ver e a absorver devido à sua proposta tão crua e arrepiante. Confesso que este filme conseguiu despertar o meu interesse em relação à filmografia deste realizador, pelo que podem esperar por mais críticas neste espaço a filmes seus.
Gostaria que mais realizadores e argumentistas conseguissem criar filmes tão envolventes como este, porque julgo que por vezes falta um pouco de ambição ou de ‘coragem’ para abordar certos temas ou formas de colocar certas situações no grande ecrã, e isto tendo em conta géneros mais ligados ao terror e suspense faz-me pouco sentido.
A Mesa de Café encontra-se disponível em exclusivo na FILMIN.
Classificação: 4 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.