Tilman Singer deu um salto estrondoso, de um filme de estreia de baixo orçamento para apresentar na Faculdade a uma produção hollywoodesca que estreia com um nome orelhudo no elenco – Hunter Schafer (alô, Euforia?). Mostrou-se merecedor desta fé e engendrou o seu segundo filme com uma imaginação tremenda e um sentido de timing fabuloso. Como se estes atributos não bastassem, há também a performance dos atores, a já destacada Hunter Schafer absorve qualquer um na sua resiliência ímpar e o vilão Dan Stevens assume uma invejável capacidade camaleónica, desviando-se de arquétipos óbvios mas piscando-lhes o olho em várias ocasiões.
Há claras influências de The Shining no ambiente da estância alpina e mesmo na loucura em que se submerge, denota-se um cuidado estético e “limpo” na sinistralidade envolvente. Para lá da estética, o próprio enredo envolve num crescendo de loucura que se vai encaixando no final, conforme se percebem as peças aos eventos.
Julgo que se viveria bem sem o rebobinar exaustivo, percebendo-lhe o propósito de se intensificar a confusão, não sinto que caiba como acrescento num filme que já respira tensão a galope dos chamamentos do cuco e da (literal) aceleração cardíaca.
É um filme de Terror que facilmente poderá virar sucesso quando chegar às salas comerciais, tem esse estofo e o street cred de um elenco que faz jus à premissa.
Texto escrito por Manuel Seatra. O filme aqui abordado faz parte da programação da 18ª edição do MOTELX.